segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

alguma coisa sobre saudade, lembranças e esperança _^_ branco


 Este ano não está sendo fácil!

Acho que milhões de pessoas devem estar falando esta mesma frase, nesse mesmo instante, neste mesmo planeta.

Não serei hipócrita!

 Não vou desejar um feliz natal e um ano novo alegre.

Não agora!

Não aqui!

Acredito que todos, ou ao menos a maioria dos que estão lendo isto, perderam alguém que lhe era caro. De minha parte muitos amigos, muitos pais de amigos e aquele amigo/irmão com a cara gorda e sorridente que tanto me incentivou com o pessoal da pracinha. De todos eles, terei saudades, terei lembranças e terei orações ao Criador.

Mas é natal!

O menino Deus!

Como disse, não vou ser hipócrita...,  mas serei o que devo ser.

Exemplos?

Bem, acabei de montar a minha árvore de natal e enquanto estava montando pensei em colocar as bolas como os amigos que estão na pequena jornada neste mundo e estrelas para aqueles que agora estão se regozijando nas maravilhas da eterna cidade.

Sinceramente?

Ficou linda!

Quando fui acender as luzinhas, tolo que sou, fiz um desejo:

Que aquele impossível benteví estivesse em cada casa, em cada árvore enfeitada e com o peito repleto de bem-querer cantasse, e que todas as pessoas vendo a impossibilidade do canto acontecer, dessem um sorriso e, assim sorrindo, sentissem no coração a Esperança, a Paz e a Força do ir em frente.


Fiquem bem!

Cuidem-se!



arte Marcus Web

e

P. Aint


©2020 do autor

uso permitido desde que citada a fonte

Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998




segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

bia _^_ branco

 



vejo-a na varanda

através da vidraça

brincando no jardim

respiro o mesmo ar fresco que ela

que passa pela fresta da porta

penso em chama-la

bia vem cá

mas apenas em pensamentos

bia vem cá


agora ela está brincando

com pássaros e borboletas

seus passos são ágeis na grama orvalhada

seu brincar é gentil e amoroso

e seus olhos brilham com o brilho mais brilhante

e tudo isso me impede de chama-la

bia vem cá

fico quieto e penso

bia vem cá


vejo-a deitada na cama de prata

através da vidraça

respiro o ar pesado que me mantem vivo

aqui não existe fresta na porta

sei que ela não brincará mais

mesmo que pássaros e borboletas

ou jardins com gramas orvalhadas esperem por ela

o sol se põe

finda o dia

- um gemido de dor -

em pensamentos grito bem alto

bia vem cá

sabendo que 

bia não virá



fotografia

cmfbc

estrelinhas e bobeirinhas na foto

p. aint


©2018 do autor

permitida a reprodução desde que citada a fonte

protegido pela lei 9.610 de19 de fevereiro de 1998






segunda-feira, 23 de novembro de 2020

ancião _^_ branco


 sou o ancião

não me pergunte 

para onde vou com tanta pressa

não sou um de vocês

por trás dessa barba grisalha

e do sorriso fácil

não devo dizer

que para onde estou indo

os rios correm devagar

os cheiros são naturais

e não é preciso 

tomar pílulas para dormir


multidão de pessoas me pergunta

o que deve fazer

qual o caminho a seguir

qual o destino a se chegar

respondo - com o meu olhar - 

meus amigos

as respostas vocês todos as têm

não sou o profeta 

que vocês tanto esperavam

apenas sei que devo ir


deixo para trás fragmentos de vida

transeuntes apressados

gemidos lamurias e gritos de revolta

a conta ainda não paga

o manequim na vitrine

a silhueta de uma menina

o acidente na esquina

o semáforo vermelho

a caneta vazando

sobre a folha em branco


não posso ouvir suas vozes

mas 

sei exatamente o que estão dizendo

não posso ver vocês

mas

sei que estão vestidos 

de uma maneira diferente da minha

nada preciso dizer

minhas palavras já não precisam de som


ainda estou subindo pelo primeiro dos sete degraus

gramas verdes

iluminadas pela luz da luz

vejo tristão

- finalmente percebendo a farsa e -

recebendo isolda

um abraço infinito dentro deste infinito

não existe mais o medo

da queda ou da escuridão

não sou mais um

sou seu eterno amante

- aquele que realiza os seus delírios -

e em volta

pessoas de cores e línguas diferentes formam uma irmandade

aqui

existem círculos cruzes e estrelas cadentes

aqui

não existem heróis

apenas aprendizes - como eu - 

aqui 

somos velas

irradiando luz nos incontáveis braços

deste imenso candelabro

aqui

nossa luz e nosso riso afastam o mal

que procura outro espaço - tempo - para se expandir

aqui

tudo é claro e compreensível

e o cordeiro não precisa sangrar

para o sacrifício do amor


vejo o rio em sua calma

e vislumbro um coral de virgens e prostitutas

que nos canta a canção

de deixarmos portas abertas

percebo que meus sonhos 

eram a minha prisão

hoje 

sou a estrela

o rio

a grama verde

a cruz

o ancião

hoje

estou pleno em ser

.

.

.

.

.

.

.

sou um ancião

que ás vezes gosta

de contar piadas





dedico a todos vocês que estão trilhando os caminhos de luz 

estejam em qual degrau estiverem.


arte : marcus web

      p. aint


©2018 do autor

permitida a reprodução desde que citada a fonte

protegido pela lei 9.610 de19 de fevereiro de 1998



 








segunda-feira, 9 de novembro de 2020

apólice de seguro -^- branco


 


eu soube pelo barulho

e mesmo no escuro pude ver

que ela era jovem

e jovens deveriam ser eternos


não lhe avisaram

que o choque do carro no poste

poderia acordar os anjos 

que costumam dormir nos fios elétricos?


não lhe avisaram

de que uma vez acordados

poderiam pega-la pela mão

e leva-la para a eterna cidade?


estou velho

cansado de ver cadeiras ficando vazias

hipoteca paga

penas pagas

número de apólice 4238-7




arte e foto : marcus web / p.. aint 


©2018 do autor


a reprodução só será permitida mediante autorização,

e-mail no final da página, do autor.


protegido pela lei nº9.610 de 19 de fevereiro de 1998.



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

ainda havia elefantes -^- branco


existe um lugar dentro de mim

no qual a felicidade é fácil

as emoções são leves e os rostos tranquilos

nesse lugar

o poder e a beleza da criação

estão agindo

tornando inesquecíveis

os sorrisos mais corriqueiros


existe escondido dentro de mim

um baú feito pelo carpinteiro

é nele que guardo todos meus afetos

as coisas que fui aprendendo

com meus pais meus amores meus amigos

ou mesmo pessoas - antes - estranhas

que passaram pela minha vida

e ajudaram a construir esse lugar


existe um grito silencioso dentro de mim

que me deixa maravilhado

mas as vezes 

em minhas andanças pelo tempo

me perco

nos falsos olhares nas noites incertas

é quando tudo se transforma em estranheza


existe um caminho para dentro de mim

mas é tão confuso inexplicável e fugidio

muitas vezes ando por ele durante muito tempo

em desesperançosa espera

outras vezes

basta fechar os olhos e num segundo estarei feliz

nesse lugar que existe dentro de mim



ilustração (lápis e cartolina) por :

ana betsa


design de página por :

marcus web 

p. .aint


©2020 do autor

a reprodução parcial ou total  poderá ser feita

deste que autorizada (via e-mail) pelo autor e 

seja citado como origem este blog

protegido pela lei n°º 9.610 de 19de fevereiro de 1998







 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

puro sangue -^- branco


 


chegar em casa

tirar os sapatos empoeirados

apenas mais um dia difícil

tentando me vencer

parado em pé no meio da sala

olho para a parede esburacada

onde estão pendurados

meus símbolos de fé

meus amores

e o espelho

que reflete meu olhar quase apagado

apenas uma faísca do brilho que existiu um dia

caminho pela sala

penso no tempo

conto os dias

 

me sento

e olho para a tv desligada

na tela escura imagino cenas

de outros tempos

tento cantarolar uma canção

que aprendi quando jovem

minha voz áspera e rude

contrasta com a melodia alegre

em uma combinação bizarra

as cinzas do cigarro

se misturam com a poeira no chão

 

continuo a lembrar

 

puro sangue

correndo pela vida

tentando mudar o mundo

folhas molhadas pelo orvalho

brilham sob a luz do sol

correr pelo instinto

e dizer que todos estão errados

apenas para satisfazer minha rebeldia juvenil

 

e em um lampejo de loucura – aqui sentado ­–

grito

tragam-me de volta aquela voz ingênua

tragam-me de volta aquele sentimento de que é bom estar vivo

tragam-me de volta aquele puro sangue  

 

volto a realidade

e com os olhos esbugalhados

percebo que mais um dia se passou

 

deitado na cama – esperando o sono chegar –

as boas lembranças

às vezes

são as mais tristes

finalmente o sono me vence


e sonho

 

com puros sangues tentando mudar o mundo

correndo por instinto e procurando fazer o certo

serão felizes  sorridentes inquietos

até que chegue o dia

em que dormirão sozinhos

com seus sapatos empoeirados embaixo da cama



 


sábado, 5 de setembro de 2020

o evangelho segundo pilatos -^- branco

 



prólogo

naqueles dias
- e nestes também -

I

não nasci judeu
tampouco me converti tardiamente
não perdi meu tempo
procurando respostas no vento
não protestei contra o mundo
enquanto meus bolsos se enchiam de dinheiro
não sou o filho pródigo de olhos azuis
estive sem abrigo quando a chuva forte desabou
fiquei quieto
mas não lavei as mãos

II

não fui um cachorro louco
tampouco chamei a atenção
não disse a mim mesmo - e ao mundo -
que era um filho da puta
não estraguei piqueniques
pelo simples prazer
de parecer contestatório
não tenho um olhar amalucado
ou trejeitos - e repentes - masoquistas
tampouco espero pela poesia
não coloquei em linhas a minha vida
pelo simples fato que ela - a minha vida - 
não caberia em parcos poemas
nunca bebi demais
imaginando-me um arquétipo de poeta
mas 
jamais lavei as mãos

III

não falei alto
tampouco me escondi atrás d' a porta
não precisei de uma heroína ou de um final amargo
não deixei meu cabelo - e barba -  crescer
apenas para perecer ter 
uma insuspeita atitude de revolta
não transei em publico - não mostrei minhas partes - 
tampouco pedi que acendessem meu fogo
- ele queima por si
desde sempre - 
para logo depois apaga-lo dentro de uma banheira
em um hotel estranho de uma festiva cidade estranha
sua morte sob águas
 - morte lavada - 
mas eu
não lavei as mãos

IV

não culpo minha cidade pelo que sou
tampouco ando meio de lado
- meu fardo é leve - 
e minha suave melancolia
não me faz parecer mais erudito
nunca procurei por rimas métricas e ritmos
tampouco presto contas das coisas que escrevo
não tenho diversas faces
- apenas uma - 
minha cidade não é apenas um quadro na parede
ela brilha pulsa e se transforma
nada me dói do que nela existe
por que
jamais lavei as mãos

V

não escrevi uma pequena valsa
tampouco fui um saltimbanco
poesia e educação clássica formam um belo par
que exerce seu fascínio sobre idiotas e  acadêmicos
estive ocupado demais - me mantendo vivo - 
para me preocupar com os rumos
do movimento populista brejeiro - e contratos em itália - 
não me travesti
apenas para esperar meu homem
sentada  como puta em uma pedra de um porto qualquer
não sou carpideira
nunca fui grega
mas também
não lavei as mãos

VI

não tive uma legião de fãs
- por acaso me ouviram gritar perguntando
em qual país eu estava - 
o silêncio é melhor que gritinhos de porra louca
não influenciei jovens
tampouco roubei ideias e poemas para fazer o meu discurso
não tirei fotos
entre folhas podadas
fascista entre criminosos
que ilude e agride os que vigiam
não tenho caráter sujo
envolto em um corpo putrefato
tampouco as mãos lavadas

epilogo

e enquanto falsos jesus (es)
acomodam-se no limbo com sua mãos limpas
junto minhas palavras - aos poucos -
sem estardalhaço e mínima ambição
meus poemas - eu nos encontro - 
sob a tábua quebrada
ou sob a pedra no canto
meus poemas
estão onde estou
no ir e vir de gentes e carros
no ficar de algumas pessoas
nas ausências sempre presentes
corpos almas e espíritos
falas e atos
sou claro
sou BRANCO
às vezes barrabás
nunca pilatos



©2018 do autor in poemas de gaveta

ilustração  marcus web / p.a. int



sexta-feira, 21 de agosto de 2020

eclipse



I

paredes

a janela pela qual se vê
o céu inteiramente cinza
do lado oposto
o relógio pendurado na parede
em seu tiquetaquear indiferente
quantos ombros desapareceram
quando você precisou chorar?
as putas da esquina
foram suas únicas ouvintes
e os planos a/b/c e d
deram errado?

II

teto

os anjos começam 
a dançar ao seu redor
os cobradores de pecados
também chegaram
e querem a parte que lhes cabe
onde está sua sanidade
agora que você percebe
que esteve doente por muito tempo?
nadando em um rio repleto de piranhas
com um sorriso idiota pintado na cara?

III

piso

chegou o dia de sua glória
a navalha encontra a carne
o sangue encontra o chão
e escorre pelo bueiro
os ratos se alegram
lá fora as nuvens desaparecem
eclipse total do sol





quarta-feira, 19 de agosto de 2020

sobre a postagem do próximo sábado.

vocês já pararam para pensar que a depressão não tem rosto?
que a mesma pessoa que está te dando força e sorrindo pode estar despedaçada?
sexta, dia 21, o poema eclipse vai tentar mostrar um pouco sobre como é estar em estado de depressão.
aproveitem e sigam a página, é só clicar no "seguir" em azul ali embaixo e preencher os dados,  desta forma receberá atualizações a cada novidade. prometo que não vou encher seu facebook, instagram ou messenger com propagandas.
até breve, se pai Deus quiser!

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

amiguinhos e amiguinhas.
dando continuidade ao blog, dia 21 teremos nova postagem.
grande abraço do branco

sábado, 8 de agosto de 2020

aquele que observa



atualmente sou aquele que observa

observa cuidadosamente pelos espaços vazios
dos galhos baixos das árvores
aquele que tenta ver entre as folhinhas verdes 
o divino
o magnifico
o acontecimento único que a tudo muda
enquanto visagens de um riso acontece
sou aquele milionésimo de segundo
em que o sol se mostra pela fresta das folhas
e nos cega
antes de ir dormir