não tem sido fácil
desde o abandono
das águas mornas
que me alimentavam
ser empurrado para a claridade
— para a luz —
todos
— exceto ela —
sorriam e comemoravam
enquanto eu estranhava tudo aquilo
sou aquele que ficou afastado por 4 dias
esperando pelo aconchego dos braços ausentes
e desde então
tenho aprendido muitas coisas
por isso
preste atenção ao que digo
atente-se as cartas que você tem na mão
pois o jogo começa
somente após você ser derrotado
que a vida continua
— suponho que você e eu — já sabemos
crescendo pelas estações — que passam —
folhas nas árvores flores caídas
— pelo caminho —
às vezes você esbarra em alguns vasos
e os derruba
— mas —
por muito que você tente colar
nunca voltarão a ser os mesmos
e não lhe será permitido esquecer
pois existirá sempre um idiota
falando sobre isso
então você convida
a fada para dançar
sob a luz de candelabros de prata
que refletem seu vestido verde
e assim bailando
tenta não pensar
enquanto no quarto escuro
o cavalo o espera
para montar em seu dorso
durante algum tempo
a vaidade me levou a juntar palavras
tentando recuperar nos poemas
o que deveria ter sido enterrado
mas percebi — a tempo —
que estava me transformando
em um bastardo letrado
contando — com ares de superioridade —
as minhas mentiras
e recebendo tapinhas na costas
de pares adormecidos
— mas como já foi dito
percebi
— acordei — —
e estou pronto para seguir meu caminho
de maneira impar
acredito que aprendi o bastante
para poder te dizer
que se a vida é um filme
a felicidade é um frame
e não culpe a sorte
— ou falta dela —
ouça este homem vestido em dourado
pois desde o expurgo
não sabíamos quantas pedras
existiriam neste longo caminho
que nos leva de volta para casa
©2022 do autor
ilustração web
arte p. a.int