eu soube pelo barulho
e mesmo no escuro pude ver
que ela era jovem
e jovens deveriam ser eternos
não lhe avisaram
que o choque do carro no poste
poderia acordar os anjos
que costumam dormir nos fios elétricos?
não lhe avisaram
de que uma vez acordados
poderiam pega-la pela mão
e leva-la para a eterna cidade?
estou velho
cansado de ver cadeiras ficando vazias
hipoteca paga
penas pagas
número de apólice 4238-7
arte e foto : marcus web / p.. aint
©2018 do autor
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22 comentários:
Surpreendente. As palavras, a forma e a arte. Os postes parecem cruzes. Perfeito !
è a vida, é a morte, é a vida !
Nenhuma palavra desperdiçada, a descrição dos anjos dormindo em fios é uma verdadeira obra de inspiração maior.
Os poetas também deveriam ser eternos !
Como ficar alheio?
Maravilhoso! Alma de poeta. Poesia que eterniza.
Não avisam de nada, poeta! É tudo surpresa.
Já me assusta a possibilidade de susto. Envelhecer é contar as cadeiras vazias.
Como sempre... Maravilhoso me tocou na alma.
Nascer. Crescer. Envelhecer. E partir
"Anjos dormindo nos fios" que lindo!
Triste realidade. Perfeita expressão.
Segundos que antecedem o largar a mão do pai e seguir com a mão do Pai.
Triste realidade de todos nós.
Bela reflexão.
Toda a realidade exposta em palavras lindas e toda a profundidade crítica sem alardear revoluções inúteis. Bastou uma linha, a última e seu protesto foi entendido por aqueles que sabem como você é. Coisa de gente grande!
Alcir
Lindo contexto,de uma realidade incontestável! Parabéns!Branco.
Ahh...a poesia (sem ponto mesmo)
A realidade de quem contou calos, contou historias e agora conta cadeiras. Brilhante meu amigo Lord.
Uma bela e triste reflexão. Envelhecer é isso meu amigo.
Um texto sufocante, vivi toda a cena e a solidão do envelhecimento.
Eterna cidade. Você e suas expressões. Já conversamos sobre isso é outras coisas bonitas que só você sabe como fazer. Parabéns!
Lindo texto
O começo do fim
Uma assustadora realidade
Parabéns você consegue nos levar junto de você sempre através de seus escrito
Impressionante como a pancada da realidade vem envolta na suavidade de suas palavras. São como corte de gilete: a dor só vem depois de um tempo, e é quase insuportável.
Branco, a poesia é fantástica, porque permite dizer com menos palavras o que é profundamente sentido, percebido, observado. Por isso mesmo, não são todos que conseguem fazê-lo de maneira tão representativa como você faz. A realidade chega ceifadora neste seu escrito... escrito lindamente.
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