segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

o natal dos esquecidos _^_ branco


 primeiro bloco

o gramado mal cuidado

na frente da velha casa branca

a porta com a pintura gasta em azul

com 3 janelas à esquerda

com 3 janelas à direita

no interior

1 recepção

1 escritório

outro escritório com banheiro — diretoria —


1 pátio

1 cozinha


segundo bloco

muitos quartos

apenas 2 banheiros

o cheiro de desinfetante de eucalipto

se mistura ao de urina seca

machucando o nariz

mas hoje

o clima é de festa e ansiedade

festa pela data

ansiedade dos funcionários

querendo ir embora para suas casas

e ficar com seus familiares


18h

anoitece e a mesa está posta

— mesa grande 

mesa velha

mesa manca

mesa emprestada —

no período da tarde — ou no dia anterior —

alguns parentes menos insensíveis vieram

e trouxeram presentes

— meias

cintas

cintos

batons

camisas

vestidos

calças

etecetera 

que não ficarão com os presenteados


os funcionários os chamam pelos nomes

— fazem fila no pátio — 

sentam-se com o que lhes resta de dignidade à mesa

e tomam depressa 

a mesma sopa rala de cada dia

mas existe uma diferença

o bolo caseiro colocado sobre a mesa de canto

18h30

parabenizam-se com urgência

fazem apenas meia oração

e comem sofregamente o bolo

servido apressadamente pelos funcionários

pois as 20 h devem estar em suas camas


não sei dizer se estão felizes agora

mas posso garantir

que o Deus criança nasce nesta noite

e aquece o coração de cada um

enquanto dormem

com suas cabeças-brancas nos travesseiros

e os anjos meninos brincam

— entre as camas —

e suas risadas fazem os dorminhocos

sonharem com o antigamente

enquanto isso

no outro lado da cidade

— em uma casa muito parecida com esta —

 anjos anciões velam o sono das crianças

e com suas mãos brilhantes e enrugadas

impõe-lhes esperança


lá fora

na noite escura e úmida

uma lembrança aleatória

e repentinamente

o guarda-noturno sorri



ilustração Web

©2023 do autor

reprodução integral ou parcial permitida desde que citada a fonte








 

 

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

segunda-feira, 31 de julho de 2023

sobre os malditos _^_ branco



falemos sobre os malditos

sobre os demônios que nos cercam

fantasmas diários

surgidos do nada

como tumbleweeds ao vento

 

falemos sobre os malditos

que levam seus mastins internos pelas coleiras

passeando por entre pessoas normais

— assim como você –

enquanto vomitam ódio e rancor

 

sou um deles

com minha cabeça de monstro

a boca

emite gritos que desconheço

um som estranho

uma noite estranha

de uma pequena cidade do interior

 

sob a luz do luar

o barulho dos meus passos

— no calçamento – 

a tudo observo com cinismo

procurando vingança

surdo aos meus próprios gemidos 

terça-feira, 11 de julho de 2023

segunda-feira, 3 de abril de 2023

tormenta (ou) previsões para o homem do rosto cansado

 


o sol foi embora

e a noite cai sobre a cidade

escuto alguém assobiando uma canção

passos nos paralelepípedos e música

ressoam na rua escura

é apenas mais um rosto cansado

voltando para casa

 

e ao chegar lá

abrirá a porta e olhará

para o espaço vazio sobre a mesa de canto

— ali ele guardava seus sonhos

dentro da caixinha de madeira –

irá até a cozinha e abrirá a porta da geladeira

pegará uma cerveja e a despejará no copo

voltará para a sala

as luzes continuarão apagadas

acenderá um cigarro

cinzas cairão no chão

sem que ele se importe

e sentado

se lembrará dos sorrisos e gargalhadas

mas coisas mudaram

perceberá então

que ele mesmo demorou para se reconhecer

naquele velho refletido no espelho

os ombros caídos

derrubados pelo tempo e solidão

então

olhará pela janela e lá fora

a rua mal iluminada pelas fracas lâmpadas dos postes

trará lembranças de sua juventude

dos tempos das cantigas de ninar embalando sua criança

do vento no rosto

em que nada era determinado

e assim sentado — olhando para a rua –

seus olhos procurarão pelos vaga-lumes

mas vaga-lumes não existem mais

acenderá outro cigarro

passará as mãos pelos cabelos

tentando encontrar a si mesmo

ou ao menos o exato momento em que se perdeu

quando se transformou em pedra e não sangrou

e ele segura o cálice com o líquido já quente

— do qual beberá até a última gota –

aguçando os ouvidos e tentando ouvir cigarras tardias

— desencanto –

cigarras não existem mais


© 2023 do autor

reprodução integral ou parcial permitida desde que citada a fonte

cálice

retirado dainternet

segunda-feira, 27 de março de 2023

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

prestação de contas _^_ branco

 




acima, os dois livros publicados anteriormente com as devidas avaliações pelo skoob.

abaixo, números de visualizações e comentários deste blog desde sua criação.

2022
(7 publicações)
visualizações: 5.679
comentários: 159
médias visualizações: 811
média de comentários: 23



2021
(5 publicações)
visualizações: 3895
comentários  117
média de visualizações: 779
média de comentários: 23


2020
(9 publicações)
visualizações: 5900
comentários: 196
média de visualizações  656
média de comentários: 20


totais gerais
visualizações: 15.474
comentários: 66