falemos sobre os malditos
sobre os demônios que nos cercam
fantasmas diários
surgidos do nada
como tumbleweeds ao vento
falemos sobre os malditos
que levam seus mastins internos pelas coleiras
passeando por entre pessoas normais
— assim como você –
enquanto vomitam ódio e rancor
sou um deles
com minha cabeça de monstro
a boca
emite gritos que desconheço
um som estranho
uma noite estranha
de uma pequena cidade do interior
sob a luz do luar
o barulho dos meus passos
— no calçamento –
a tudo observo com cinismo
procurando vingança
surdo aos meus próprios gemidos