segunda-feira, 26 de outubro de 2020

ainda havia elefantes -^- branco


existe um lugar dentro de mim

no qual a felicidade é fácil

as emoções são leves e os rostos tranquilos

nesse lugar

o poder e a beleza da criação

estão agindo

tornando inesquecíveis

os sorrisos mais corriqueiros


existe escondido dentro de mim

um baú feito pelo carpinteiro

é nele que guardo todos meus afetos

as coisas que fui aprendendo

com meus pais meus amores meus amigos

ou mesmo pessoas - antes - estranhas

que passaram pela minha vida

e ajudaram a construir esse lugar


existe um grito silencioso dentro de mim

que me deixa maravilhado

mas as vezes 

em minhas andanças pelo tempo

me perco

nos falsos olhares nas noites incertas

é quando tudo se transforma em estranheza


existe um caminho para dentro de mim

mas é tão confuso inexplicável e fugidio

muitas vezes ando por ele durante muito tempo

em desesperançosa espera

outras vezes

basta fechar os olhos e num segundo estarei feliz

nesse lugar que existe dentro de mim



ilustração (lápis e cartolina) por :

ana betsa


design de página por :

marcus web 

p. .aint


©2020 do autor

a reprodução parcial ou total  poderá ser feita

deste que autorizada (via e-mail) pelo autor e 

seja citado como origem este blog

protegido pela lei n°º 9.610 de 19de fevereiro de 1998







 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

puro sangue -^- branco


 


chegar em casa

tirar os sapatos empoeirados

apenas mais um dia difícil

tentando me vencer

parado em pé no meio da sala

olho para a parede esburacada

onde estão pendurados

meus símbolos de fé

meus amores

e o espelho

que reflete meu olhar quase apagado

apenas uma faísca do brilho que existiu um dia

caminho pela sala

penso no tempo

conto os dias

 

me sento

e olho para a tv desligada

na tela escura imagino cenas

de outros tempos

tento cantarolar uma canção

que aprendi quando jovem

minha voz áspera e rude

contrasta com a melodia alegre

em uma combinação bizarra

as cinzas do cigarro

se misturam com a poeira no chão

 

continuo a lembrar

 

puro sangue

correndo pela vida

tentando mudar o mundo

folhas molhadas pelo orvalho

brilham sob a luz do sol

correr pelo instinto

e dizer que todos estão errados

apenas para satisfazer minha rebeldia juvenil

 

e em um lampejo de loucura – aqui sentado ­–

grito

tragam-me de volta aquela voz ingênua

tragam-me de volta aquele sentimento de que é bom estar vivo

tragam-me de volta aquele puro sangue  

 

volto a realidade

e com os olhos esbugalhados

percebo que mais um dia se passou

 

deitado na cama – esperando o sono chegar –

as boas lembranças

às vezes

são as mais tristes

finalmente o sono me vence


e sonho

 

com puros sangues tentando mudar o mundo

correndo por instinto e procurando fazer o certo

serão felizes  sorridentes inquietos

até que chegue o dia

em que dormirão sozinhos

com seus sapatos empoeirados embaixo da cama