segunda-feira, 18 de agosto de 2025

sorriso de feira _^_ branco



apaguei todas as estrelas

antes

quero a escuridão

cortei as pontas das minhas asas

perdi a vontade de voar

joguei fora o último pedaço de bolo

a festa acabou

afastei meus olhos das velhas fotografias

já não me servem de consolo

 

— todas têm seu rosto

capturas de alegrias informais

felicidade descomplicada

no seu vestido de domingo

acenos ao vento

cabelos em desalinho –

 

abracei minha tristeza

com maturidade e certa elegância

continuei com meu rosto alegre

enquanto explosões internas me dilaceravam

respondi todos os “bons-dias”

mas na verdade

é impossível esquecer suas chegadas

ou de quando você se vestia 

com seu sorriso de feira

 

não sou o que fui

e mesmo após tanto tempo

ainda sinto seus abraços

e na dúvida se era amor

procurei outros caminhos

mas ao fim do prazo

 — afirmo

o impossível

desde o princípio

salsa sálvia alecrim e tomilho -

era você.


Dedicado a Luzimar, meu bom amigo e autor do prefácio do livro 7. Foi com a sua ajuda que a jornada começou. Ele certamente odiaria este poema, pois éramos movidos por provocações. Fique bem, irmãozinho.


ilustração: feira medieval

agradecimento friendly poets

© 2025 do autor

℗ genoma



permitida a reprodução total ou parcial desde que citada a fonte e o autor.




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