(1973)
retrate-me em um quadro
e pendure-o na parede
de suas lembranças
pinte-me com as tintas
de sua ternura
e depois emoldure-me com seus carinhos
criança criança
quantas vezes dançamos
sob a luz da lua
quanta vezes conversamos
sob o telhado
que escondia as estrelas
criança criança
quantas vezes vimos a noite
se transformar em dia
sem saber que já tínhamos
tudo o que procurávamos
ainda guardo a aquarela
com as cores lilás e branco
os pequenos e perdidos tons esverdeados
você foi aquele pedacinho de praia
cuja onda do mar chegou a mim
e ficou
criança criança
muitas vezes nós falamos
sobre como aprender
as coisas do amor
criança criança
por mais palavras que eu tente
- como descrever ? -
você foi a única
que conseguiu enfeitar
com pedacinhos de celofane
aquela lua amarela gorda e sorridente
que está pendurada lá em cima
escrito originalmente em 1973
(para esta publicação foram retirados as pontuações e sinais gráficos, no entanto, o texto permaneceu como no original.)
a musica i got a name (link abaixo) estava tocando enquanto eu escrevia.
a foto do ingresso para o show do jim croce foi "retirada" da internet
pouco depois ouvi pelo rádio a noticia da queda do avião que o levava
© 2021 do autor
autorizada a reprodução desde que citada a fonte.
22 comentários:
Inocente e tocante. Belíssima poesia.
Agradecida pela Poesia Maravilhosa. Você tem o dom de nos emocionar.
Muito linda
Um lindo exemplo de poesia descompromissada, lírica e magistralmente escrita. Os primeiros passos do mago e suas elocubrações maravilhosas.
Lindissima!
Parabéns amigo. lindíssima
Só mesmo a criança pra inspirar tão belos versos!
Nada a acrescentar, seu inicio faz jus ao que se tornou.
Grande abraço meu amigo e sábio poeta.
Linda meu amigo. Abraço.
Gratidão.
Quanta doçura e leveza já naqueles seus verdes anos!
Tão singela e linda.
Tão doce. ❤️
Sem entrelinhas, sem ironias, apenas a doçura e a sensibilidade do poeta,
Que lindo.
Quanta delicadeza.
Quanto amor.
Sensibilidade aflorando no menino.
É um dom isso de transformar as coisas da alma em palavras, como vc faz. Lindo!
Aí, como eu fui essa criança... Grande Wilson! Você é grande desde o início. Abraço!
"os pequenos e perdidos tons esverdeados
você foi aquele pedacinho de praia
cuja onda do mar chegou a mim
e ficou"
Nem sei expressar o quanto me impressionou a delicadeza desses versos. Como sempre, lord white abre o coração para nos deixar, generosamente, entrever delícias e sonhos, muito além da realidade crua, nos fazendo despertar aquele pedacinho de coisa boa que ainda temos em nós. Obrigada.
Fui remetida ao passado de uma forma real.
Parabéns, Wilson Branco!
Branco, o seu poema é uma canção declamada nos ouvidos da memória.
Linda demais!!!🤩
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