antes
quero a escuridão
cortei as pontas das minhas
asas
perdi a vontade de voar
joguei fora o último pedaço de
bolo
a festa acabou
afastei meus olhos das velhas
fotografias
já não me servem de consolo
— todas têm seu rosto
capturas de alegrias informais
felicidade descomplicada
no seu vestido de domingo
acenos ao vento
cabelos em desalinho –
abracei minha tristeza
com maturidade e certa
elegância
continuei com meu rosto alegre
enquanto explosões internas me
dilaceravam
respondi todos os “bons-dias”
mas na verdade
é impossível esquecer suas
chegadas
ou de quando você se vestia
com
seu sorriso de feira
não sou o que fui
e mesmo após tanto tempo
ainda sinto seus abraços
e na dúvida se era amor
procurei outros caminhos
mas ao fim do prazo
— afirmo
o impossível
desde o princípio
salsa sálvia alecrim e tomilho
-
era você.
Dedicado a Luzimar, meu bom amigo e autor do prefácio do livro 7. Foi com a sua ajuda que a jornada começou. Ele certamente odiaria este poema, pois éramos movidos por provocações. Fique bem, irmãozinho.
ilustração: feira medieval
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